2° Carta

New York City, 1º de Setembro de 2004

Querida Emily,

Há alguns dias te enviei uma carta, mas não tive resposta ainda, por isso resolvi mandar mais uma. Não sei se você recebeu ou não... Sabe como é né? Às vezes as correspondências se perdem no caminho...
Ou talvez você tenha recebido e lido e até mesmo respondido, mas não tenha dado tempo da sua carta em resposta chegar aqui. Talvez ela esteja pra chegar a qualquer momento, estou torcendo muito por isso e fico aguardo ansiosamente pelo carinha do correio todos os dias.
Ou talvez ela nem chegue porque você pode ter lido, mas está tão magoada ainda, que não conseguiu responder e resolveu simplesmente ignorar ou talvez você a tenha rasgado sem sequer abri-la. Entendo perfeitamente se você fez uma das duas coisas, talvez se eu estivesse no seu lugar minha reação fosse uma dessas...
Pensando nessas últimas possibilidades, resolvi lhe escrever novamente e vou escrever várias e várias vezes, até que você resolva me perdoar. Ou pelo menos me responda nem que seja pra me pedir pra nunca mais te procurar e te esquecer, mas já vou logo avisando: essas coisas jamais acontecerão! Você é importante demais pra mim, o que vivemos foi intenso e especial e simplesmente não pode ser esquecid. É simplesmente impossível esquecer tudo que vivemos! Tenho certeza que você também acha isso.
Por mais que você negue, por mais que você tente, por mais que finja, por mais que queira tenho certeza que você também não consegue esquecer os nossos beijos na chuva de verão que sempre nos pegava desprevenidos ou sob a luz do luar prateado que iluminava os luais da galera ou ainda das vezes que um de nós adoecia e o outro permanecia ali do lado do leito do outro “plantado” feito uma sequóia centenária fazendo carinho e dando “beijinhos pra sarar”.
Tenho certeza, Mily, que você não consegue se esquecer de nada disso. Não consegue se esquecer de mim... Não consegue se esquecer de NÓS!
Eu sei disso porque EU NÃO CONSIGO! E nem QUERO! Não quero nem tentar, se você quer saber.
EU NÃO QUERO ESQUECER NADA SOBRE NÓS!
Absolutamente NADA! NUNCA!
Por isso estou escrevendo novamente, porque quero que você saiba que eu não te esqueci e nem vou te esquecer. Os anos se passaram, muita coisa aconteceu, muita coisa mudou em nossas vidas... Cada um seguiu seu caminho, conheceu outras pessoas...
É, eu soube do seu noivado... Soube também que ele parece um cara legal, que te ama, faz tudo por você, te trata como uma princesa, que é como você merece ser tratada, afinal. Mas sei que ele não sou EU e sei que você sente essa diferença. Sei que os planos DELE pra você são bem diferente dos SEUS planos pra você mesma. E também sei que vocês ainda não acertaram seus ponteiros quanto a vida pós-casamento e que ainda discutem muito sobre isso.
É, eu sei muitas cosias sobre você, Emily. Mesmo após tantos anos sem nenhum contato direto com você, eu nunca parei de procurar saber e nem nunca vou parar. Como já disse inúmeras vezes desde que nos conhecemos: eu me importo com você! E sempre me importarei, independentemente de estarmos juntos ou não.
Mily...
Ah, Mily, o que foi que eu fiz com a gente?! O que eu fiz com VOCÊ?! COMO eu pude ser tão... tão... Ah! Nem sei o que eu fui de verdade! Fui um... idiota completo, um tolo, um moleque irresponsável e inconseqüente... Um BURRO!!
Um burro por ter acreditado naquela história ABSURDA, ter enchido a cara e ter feito a merda que fiz! Um burro por ter ouvido a pessoa errada. Pior ainda: por ter ACREDITADO nela!
Um burro por não ter ficado do seu lado, por ter te ignorado, por ter duvidado de você, da sua inocência, do seu amor...
Um burro por ter feito você sofrer e chorar, por ter te mandado embora e por ter percebido um pouco tarde demais que você sempre esteve certa e sempre soube quem estava errado, que nunca mentiu nem me enganou e sempre soube as pessoas que só sabiam fazer isso!
Por que eu fui tão ignorante, tão cego, tão sonso, Mily? POR QUÊ??!!
Por que eu fui tão orgulhoso e egoísta? Por que eu fui tão cabeça-dura, tão TAPADO a ponto de não ver cosias tão óbvias?!
Ai, meu Deus! Meu Deus, se eu pudesse voltar no tempo... Se eu pudesse... apagar tudo o que aconteceu depois que aquele Ben voltou...
Se eu pudesse, te juro, Mily, eu apagaria TUDO que se passou depois que ele voltou pra cidade.
Alias, pensando bem... Nem tudo. Só as partes ruins. As partes em que estávamos juntos e felizes, as partes das pazes após as brigas eu não apagaria. Apagaria as discussões que tivemos, as crises de ciúmes, os “tempos” que demos, as palavras ofensivas, os tapas na cara (alias, como doíam, heim? Suas mãos tão delicadas e macias como as de um anjo ficavam tão pesadas que pareciam de chumbo quando você ficava nervosa!).
Apagaria também as lágrimas de tristeza, as feridas abertas que doíam e latejavam e pareciam que nunca se fechariam...
Enfim, apagaria todas as coisas ruins e só deixaria as boas.
Mily, não sei se você leu a outra carta... Espero que tenha lido e que leia esta também e que me responda, por favor, me responda!
Mily... me perdoa?
Me dê mais uma chance, por favor! A ÚLTIMA, eu prometo! Não a desperdiçarei. Nem vou te desapontar de novo. EU PROMETO!
Por favor, Mily!

Com todo o meu amor,

Taylor Hanson