Wilmington, 3 de Outubro de 2004
Querida Emilly,
Essa é a terceira carta que te escrevo.
As outras não tiveram resposta, talvez por que nem chegaram a você - estou me agarrando com todas as forças na hipótese de elas terem sido perdidas pelos carteiros.
Não consigo nem pensar na hipótese de você ter coragem de rasgar minhas cartas sem nem sequer lê-las ou ser capaz de lê-las e ignorá-las.
Estou em Wilmington, na Carolina do Norte, onde começamos ontem uma turnê promocional de divulgação do novo CD.
O dia ontem foi bem corrido. Pela manhã fomos a uma rádio local dar entrevista e fazer uma daquelas apresentações que você já cansou de assistir. A tarde fomos fazer um show beneficente em um orfanato, o que foi bem bacana, você sabe o quanto eu gosto de crianças então deve fazer uma idéia do quanto me diverti lá né? Acabamos nos entretendo tanto com a molecada que ficando lá mais que o planejado, o que nos fez atrasar o show em 2h!
Os fãs ficaram loucos! Dava pra ouvir os gritos impacientes deles há um raio de distância como da minha casa até mais ou menos... a Paróquia São Pedro. É, mais ou menos isso mesmo. Tem noção? Tá que nem é TÃO longe assim, mas mesmo assim pulmões muito fortes eles têm! Hehe...
É exatamente essa a distância do hotel que estamos até o local onde foi o show. Daqui do quarto eu conseguia ouvir eles gritando. Confesso que fiquei com medo do que poderia acontecer quando chegássemos lá, mas graças ao bom Deus, não aconteceu nada além de MAIS gritaria, só que dessa vez de alívio, felicidade, euforia... Coisas do gênero.
Quando chegamos lá fomos recebido com aquela explosão de energia positiva que sempre me dá uma carga de animação pra fazer os shows. Ow, é bom demais isso!
Como o show atrasou 2h então só conseguimos chegar ao hotel agora, às 3a.m. Amanhã tenho que acordar cedo pra irmos para Charlotte onde faremos duas apresentações em outros dois orfanatos e uma na inauguração de um pub.
Não sei porque estou te contando essas coisas...
Alias, acho que sei, sim: sinto falta de você me pedir relatórios detalhados de tudo que rolava enquanto eu estava em turnê e você não podia estar na estrada comigo.
Você se lembra do tempo que passávamos “pendurados” no telefone conversando e de quanto vinham as contas telefônicas? Não se de onde a gente tirava tanto assunto!
Hoje em dia não tenho tanto assunto assim e mesmo se tivesse, de nada adiantaria porque não sinto vontade de deixar mais ninguém ciente do que faço ou deixo de fazer como sentia quando me abria com você.
Ai, Deus! Eu preciso dormir, eu sei que preciso. Meu dia amanhã começará cedo e será bem longo e cansativo, mas simplesmente não consigo relaxar e dormir!
Sabe por quê?
Por que desde que recebi o seu silêncio como resposta a minha primeira carta, não consigo parar de pensar no porque de você não me responder.
Por que, Milly? Por que não me responde?
Será que mesmo depois desses anos todos você ainda guarda tanta mágoa em seu coração que a impossibilita de me responder?
Eu sei que te magoei MUITO, sei que quando você se foi e deixou aquela carta me pediu pra que eu nunca mais te procurasse e que, caso eu insistisse, você me ignoraria, mas, Milly, por favor, já faz tanto tempo! Três anos pra ser mais exato. E mesmo assim só anos depois daquilo é que fui descobrir algumas verdades e fui caindo na real da merda que fiz.
Será que não dá pra reconsiderar e pelo menos responder minhas cartas? Eu preciso que você as responda, mesmo que seja pra reafirmar que pra você eu não existo mais!
Será mesmo que não dá, Mily? Por nós. Pelo que nós éramos. Pelo que nós significamos um para o outro. POR FAVOR!
Já cogitei várias vezes a hipótese de ir até aí encontrá-la pessoalmente. De verdade! Mas sempre desisto porque tenho medo de você não querer me ver, nem falar comigo e me ignorar completamente. Se ser ignorado por carta já está me doendo, ser ignorado ao vivo, então... acho que me mataria!
Por favor querida, se receber essa carta, me retorne!
Com muito amor,
Taylor Hanson