6° Carta

New York City, 13 de Outubro de 2004

Querida Emily,

Juro que ia dar um intervalo maior entre uma carta e outra, mas não consegui me segurar: ESTOU COM MUITAS SAUDADES!
Depois que terminei a carta de ontem falando do Cinema da Colina, me bateu uma saudade tão grande de nós dois! Simplesmente não consegui pensar em mais nada o resto do dia, a não ser nas inúmeras vezes que fomos lá. Lembra como todo mundo nos zuava nos chamando de velhos porque preferíamos os clássicos que passavam lá aos filmes cheios de efeitos e tecnologias? Povo burro! Não sabiam o que estavam perdendo!!
Uma pena o Sr. Hartmenn não ter conseguido ninguém que se interessasse em manter o cinema... Lembra como nós encabeçamos o protesto contra o fechamento do cinema? Infelizmente não adiantou... Juro que se tivesse dinheiro naquela época, eu mesmo o teria comprado!
Aquele drive-in tinha tanta estória!... Desde a época dos nossos pais, talvez até dos nossos avós! Ele fez parte da vida de muita gente, inclusive da nossa.
Você se lembra que assistíamos vários filme de graça, quando éramos crianças e entrávamos escondidos? Foi assim que fizemos amizade com o prórpio Sr. Hartmenn de tanto ele nos pegar no flagra! Lembra?
E quantas vezes roubamos a pipoca alheia? Como fazíamos molecagem naquele lugar! Rs.
Depois crescemos e as molecagens diminuíram e vieram as primeiras atitudes mais maduras... Quer dizer: exceto o primeiro beijo que te dei, que foi ROUBADO, totalmente coisa de moleque né?Rs.
Mas o tapa que você me deu não foi tapa de moleca não! Foi mais um tapa do tipo “quero mais!” do que “pára agora!” né? Confesse! Rs.
E os pores e nascer do sol que vimos naquela colina? Quantos não serviram de espectadores para o nosso amor, heim? Era uma cena tão espetacular! Cinematográfica, eu diria.
Ontem eu revivi tudo isso em pensamento. Queria rever nossas fotos e vídeos, mas ficaram todas em Tulsa, muito bem guardados. Me arrpendo de não ter trazido nada, mas depois que nossas vidas seguiram seus rumos tão diferentes, a intenção era justamente me distanciar de tudo que me lembrava você, a gente... Só que se livrar das lembranças tatuadas em minha memória não foi possível.
Acabei sonhando com a gente novamente depois de reviver tantas lembranças. Sonhei que nos encontrávamos em Tulsa no Natal, lá na nossa colina, e conversávamos e você me perdoava e logo estávamos nos amando.
Acordei excitado como jamais estive desde que estivemos juntos pela última vez!
Espero sentir essa excitação em breve. Em dezembro, quem sabe?
Ai, Milly... Como sinto sua falta!
Parece que um pedaço de mim foi arrancado. Me sinto tão incompleto, tão sem chão, sem rumo!...
Minha vida não faz sentido sem você!
Se ao menos eu tivesse percebido isso ANTES!
Como fui burro, tapado!...
Me perdoa, Milly?
Me encontre na nossa colina em Dezembro, me dê a chance de falar ao vivo tudo isso que venho escrevendo há tanto tempo?
Me ouça primeiro, depois você decide se quer continuar nessa de tentar nos esquecer – que eu tenho certeza que você ainda não conseguiu e muito provavelmente não conseguirá – ou se me perdoa e dá outra chance para nós.
Por favor!

Com muito amor e saudades,
Taylor